"Estamos conversando, talvez haja uma bomba debaixo desta mesa e a conversa é banal ... De repente, BUM, uma explosão. O público fica surpreso, mas antes lhe foi mostrada uma cena absolutamente sem interesse. Agora, examinemos o suspense. A bomba está debaixo da mesa e o público sabe... O público sabe que a bomba irá explodir a uma hora. Há um relógio no cenário que mostra que são quinze para uma. A mesma conversa desinteressante torna-se de repente interessantíssima por que o público participa da cena. No primeiro caso oferecemos quinze segundos de surpresa no momento da explosão. No segundo nós lhe proporcionamos quinze minutos de suspense. A conclusão disto é que é preciso informar o público (torná-lo cúmplice) sempre que possível, a menos que a surpresa seja um twist, isto é, quando o inesperado da conclusão constitui a graça da anedota." – Alfred Hitchcock em "Hitchcock/ Truffaut – Entrevistas"
Ainda sobre o suspense, é proveitoso citarmos Bourneuf & Ouellet:
SUSPENSE - A INSERÇÃO DE UMA PASSAGEM DESCRITIVA NUM MOMENTO CRÍTICO TEM POR OBJETIVO AGUÇAR NOSSA CURIOSIDADE FACTUAL, É UM PROCEDIMENTO PARA RETARDAR O CLÍMAX, ACRESCENTANDO DETALHES QUE O DEIXARÃO COM UM INTERESSE AINDA MAIOR.
E ainda, Boileau e Narcejac em “O Romance Policial”:
“Ameaça. Expectativa. Perseguição... Tais são as três componentes do suspense. No suspense, o que é que é “suspenso”? O tempo. É a ameaça que transforma o tempo em duração dolorosamente vivida. A expectativa é essa duração retardada ao extremo e, por isso mesmo, torturante; a perseguição é essa duração acelerada, que leva à espécie de espasmo em que a vida se rompe e se desfaz. Essa relação entre o tempo e a emoção tem algo de muito novo, que, certamente, não era estranho ao romance-problema descoberto por Poe, mas Poe lhe concedia apenas um valor estético.” – Boileau-Narcejac, “O Romance Policial”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário